domingo, 20 de maio de 2012

Encontro com a escritora Georgina Martins

Registro fotográfico desse dia especial!

                                                                  


















Historinhas quase tristes





Textos inspirados na leitura de No olhos da rua: historinhas quase tristes, de Georgina Martins, e de  Cena de rua, de Ângela Lago




Um menino entre os carros
                                                             Humberto Almeida (603)

    Já era tarde da noite e eu estava voltando para casa. O dia foi pesado no trabalho e eu estava exausto. Eu ainda passava pela Central quando me deparei com um grande congestionamento.

   Fiquei parado por uns instantes, e foi logo nesse momento que percebi um menino muito magrinho, vendendo biscoitos entre os carros. Seu semblante estava assustado e abatido e parecia que ainda não havia vendido nada.

    Ele oferecia sua mercadoria para as pessoas dos carros. Uns o ignoravam, outros o xingavam e havia uns que até batiam nele. Parecia que os veículos iam engoli-lo!

   Quando chegou no meu carro, ele me olhou com aqueles olhos brilhando, ainda na esperança de vender algo. O menino parecia que não tinha comido há muitas e muitas horas e sua voz era fina como a de um passarinho. Pediu-me que eu comprasse os biscoitos.

   Peguei minha carteira e vi que não tinha nenhum trocado, somente meus cartões de crédito. Então, dei a ele um sanduíche e um refrigerante do McDonald's que havia comprado para eu comer quando chegasse em casa. Eu sabia que no caminho havia muitos outros McDonald's.

   Ele me olhou com felicidade, saiu correndo e devorou tudo rapidamente. O trânsito já estava fluindo e consegui vê-lo pelo retrovisor com um sorriso no rosto.


                     Minha história
                   Júlia do Nascimento Rosa (605) 

        Quem será minha mãe ? Quem será minha família ? De onde será que vim ?
        Penso nisso todo dia, minha vida é baseada em viver no sinal, roubo para viver, não gosto de roubar, mas não tenho outra escolha. Cresci sem saber meu nome, até o dia que resolvi ser chamado de Juca.
        Um dia estava andando pelo sinal, vendendo frutas. Andei até um carro verde, a janela não estava totalmente aberta. Chamei pela janela do carro; havia uma mulher sentada no banco de trás com seu filho no colo.
        Quando vi aquela cena que envolvia amor e afetividade, tive vontade de chorar, pois nunca tive uma mãe para me acolher. Até hoje não sei por que ela me deixou. A vida é muito difícil e espero que a rota da minha mude. A única coisa que quero é ser reconhecido pelos outros. 
        Resolvi sair dali, pois o sinal estava aberto e também porque estava ficando frio e estava descendo lágrimas dos meus olhos. Saí do sinal e fui para o lugar que durmo chorar, triste demais para vender alguma coisa.

O sinal e os doces
Júlia Chalet (603)
 
            O sol nem havia nascido e lá estava eu pronto para mais um dia. Engana-se se pensa que eu estou indo para a escola. Na verdade, eu estou indo trabalhar. Meu nome é Juca, tenho 12 anos e vendo bala no sinal. Você deve estar pensando: por que uma criança estaria trabalhando? Bem, eu faço isso para ajudar meus irmãos, sou eu que os sustento, já que minha mãe é viciada em drogas.
            Peguei os saquinhos com bala, pus numa bandeja e sai pelas ruas à procura de um sinal vermelho. O primeiro que eu encontrei tinha tão poucos carros que seria quase impossível vender algo, mas não custava nada tentar, não é? Aproximei-me do carro e disse:
            - E aí tio, vai querer algo?
            - Você não deveria estar na escola, moleque?
            Então o homem fechou o vidro do carro. Um pouco triste, me virei indo em direção a outro carro, me aproximei e novamente disse:
            - Ô tio, vai querer algo?
            O homem me olhou com desdém e num movimento rápido jogou minhas balas no chão. Nesse momento o sinal abriu e ele passou por cima delas.
            Muito triste, fui andando para casa até que uma mulher me parou e disse:
            - Eu vi o que aquele homem fez com você, sou dona de uma loja de doces e estou disposta a lhe dar novamente todos os doces que você perdeu para que você possa vender.
            E então ela me levou até a loja de doces dela, e me deu todos os doces que eu podia carregar. Eu agradeci, e voltei novamente ao sinal. Enquanto eu vendia os doces, eu pensava: aquela senhora me ajudou tanto, e eu nem sei o seu nome.

 O orfanato
Ana Carolina Passos (603)

         Um dia, Maria estava em casa quando recebeu uma ligação. o Joaquim, seu melhor fucionário. Ele ligou para avisar que uma criança estava passando mal. Maria era dona de um orfanato chamado Nosso Lar.Ela era muito dedicada ao seu trabalho, por isso foi depressa ajudar a menina que não se sentia bem.
        No caminho, passou em frente à Igreja Candelária, a mais bela igreja do Centro da cidade. Lá, viviam várias crianças. Meninos e meninas, todos sem mãe.No meio deles estava um menino muito tristinho. A mulher se comoveu com tanta tristeza e começou a chorar. Assim que parou no sinal, ela observou a criança se aproximando com uma caixinha na mão. Ele bateu no vidro do carro oferecendo os doces que vendia:
         -Tia, quer comprar uma bala?
         -Não, meu anjo, obrigada. - disse Maria, ainda com lágrimas nos olhos.
         O menino se dirigiu aos outros carros, com a esperança de vender todas as suas mercadorias.Quando o sinal abriu, todos foram embora, Maria para o Nosso Lar e o vendedorzinho de doces para a calçada.
         Chegando ao seu orfanato, Maria cuidou do bebê e foi embora. Na volta, passando novamente em frente à igreja, ela viu o menino tentando vender os doces que restavam na caixa.Ela o chamou pela janela e disse:
         -Pegue todo esse dinheiro, ficarei com as balas.
         -Puxa! Muito obrigado! - disse a criança com um grande sorriso no rosto.
         A partir desse dia, eles se tornaram grandes amigos.Toda vez que a moça passava pelo sinal em frente à Candelária, comprava todas as balas que o menino vendia e as levava para as crianças do Nosso Lar.


 Uma grande ajuda
Maria Clara Tavares (603)

        Era um domingo, na semana passada; eu estava indo para o Bosque da Freguesia e parei no sinal vermelho.
        Quando um garotinho que estava sentado na calçada pediu para lavar meu para-brisa, eu, com meu namorado e apressada, rejeitei e fui embora.
         Mais tarde, enquanto estávamos no Bosque, Matheus disse:
         - Ai, meu Deus ! Olha aquele garotinho...- disse, cheio de pena.
         - Ué, não é aquele menino que estava no sinal pedindo para lavar nosso pára-brisa? - perguntei
         - É mesmo. Vamos lá falar com ele um pouco?
       Fomos chegando perto do garoto, mas ele estranhou e ficou com medo. Até que saiu correndo gritando " Ah, por favor ! Me ajudem ! Eles querem me pegar ! ".
           Fiquei muito assustada e disse:
          - Não, não ! Só queríamos falar com você...
      Corremos e o seguimos. Mas nós corremos tanto que parei um pouco e Matheus continuou . Descansei e fui atrás deles novamente. Até que nós chegamos perto de um shopping no outro lado da esquina e falamos:
          - Oi, tudo bem? Olha só, não queríamos te pegar, não ! Só sentimos muito por não ter deixado você ter limpado nosso para-brisa... Estávamos com muita pressa...Então, queríamos comer algo com você.
          - Hum... Me desculpem, é porque tem muitas pessoas que me seguem por aí.... Eles têm preconceito só porque sou morador de rua.- ele disse, triste.
          - Não precisa ficar triste, vai passar...
          - Valeu, vocês são bem legais...- ele disse com um sorriso meigo.
          - Você também ! - eu e Matheus falamos ao mesmo tempo.- Mas temos que ir, aproveite seu lanche e tenha esperança ! 
          - Pode deixar! - ele disse com a boca cheia 
          - Então, até mais ! - disse saindo 
          - Tchau, obrigada ! - ele disse com um lindo sorriso...

 Mudança de Vida
Thays Guimarães (606)

          Essa é a história de Thiago, um menino que teve uma infância muito triste. Sua mãe não desejava ter filhos, porém esse era o maior sonho de seu pai. Aos 6 anos, sua mãe o abandonou numa estrada bem longe de sua casa e contou à família que tinham sequestrado o garoto.
          Thiago ficou desesperado. A única coisa que o menino pensou foi em esperar alguém procurá-lo. Depois de algumas semanas, o menino notou que deveria se virar. Então, se abrigou atrás de um restaurante e, para sua sorte, achou R$5,00 no bolso.
          Naquele mesmo dia, ele encontrou um cão morrendo de fome, e resolveu comprar 3 laranjas para dividir com ele. Mas para descascá-las teve que pegar uma faca no restaurante. Logo depois de se alimentarem, Thiago notou que o cão tinha dono ao olhar sua coleira, que possuía o nome "Jonhy".
          Thiago desesperou-se por obter pouco dinheiro e decidiu pedir esmolas. E assim o tempo passou, e Thiago completou 11 anos.
          Nesse ano, seu cão sofreu um acidente e, desesperado e triste, tomou a pior decisão de sua vida : furtar alguém. Mas ele ainda tem esperanças, e acredita que, um dia, tudo possa melhorar.
   Uma pessoa incrível
Brenda (606)



                             
     Muitas pessoas acham que, só porque um menino é morador de rua, ele deixa de ser uma criança. Um dia desses, quando passei em um dos quarteirões de meu bairro, vi uma cena triste.

    Tantas crianças têm escolas, atividades esportivas, cursos etc. Mas aquela que eu vi não parecia ter nem a metade dessas coisas. Fiquei olhando para o menino e pensei em meus amigos, muitos deles abandonando os livros para curtir a vida.
    É claro que eu não iria deixar o menininho abandonado no meio dos carros enquanto olhavam para o rosto dele como se o mesmo fosse fazer mal a alguém. Então, eu fui até o sinal de trânsito e perguntei para ele se estava com medo. Mesmo espantado com a minha pergunta, resolveu responder, mas antes eu fiz uma coisa que ninguém esperava que eu fizesse.
                                
   Quando fui embora, gritei bem alto para todos ouvirem que aquele menino de quem estou falando era uma criança como qualquer uma. Tem sonhos, faz malcriações, gosta de brincar e de comer coisas deliciosas. O menino olhou para mim sorridente e triste ao mesmo tempo e disse obrigado.
                     
   Depois disso, o garoto respondeu a minha pergunta falando que já estava acostumado com a violência das pessoas. E que, um dia, conseguiria com seu trabalho nas ruas dinheiro para poder estudar e ir para uma excelente escola.Com um belo sorriso, ele me contou também que desde pequeno, seu sonho era passar para o colégio Pedro II, Militar ou no bolsão do Elite. Não tenho dúvidas de que, com a força de vontade que vi em seus olhos, ele conseguirá o que quer.
 
Os meninos ricos
Bárbara Tanner (603)

       Todos os dias, eles passavam por Pedro. Eles, os meninos ricos.

     Eles tinham caras de mau e sempre passavam por Pedro ou o empurravam, ou lhe dirigiam palavras maldosas. Pedro era um menino pobre, que vendia bala no sinal. Ele tinha medo dos meninos ricos, não apenas por serem mais velhos que ele, mas porque, vez ou outra, eles pareciam muito estranhos. Eles eram ricos, então não fazia sentido que, na maioria das vezes, eles estivessem com roupas sujas e surradas, como se tivessem  batido em alguém. Pedro podia até jurar que, uma vez, viu uma mancha de sangue na manga do casaco de um deles.

    Pedro já tinha escutado várias reportagens, pela televisão da pastelaria da esquina, sobre adolescentes ricos que batem em mendigos ou roubam crianças pobres. Na maioria das vezes, os adolescentes  nem são presos, e uma semana depois, estão fazendo tudo de novo.

Os policiais da rua nem se importavam quando os garotos empurravam Pedro. “Talvez seja porque eles sejam ricos, e eu, pobre.” Pensava.
 Até que um dia, ele ficou até tarde vendendo. Tinha que vender tudo senão não sobrava dinheiro pra dia seguinte. De repente, um carro parou na sua frente e deles saíram os garotos, com caras de mau e punhos serrados. Pedro pensou : “Estou morto.” Ele fechou os olhos, esperando o pior. Mas em vez disso, ouviu sirenes e uma voz dizendo: “Covardes! Sem-vergonha! Tentando bater em alguém que não pode se defender! Só porque são ricos! Agora vão é pra delegacia! Eu já sei o que vocês andam fazendo, só faltavam as provas!”

    Pedro abriu os olhos e viu que quem falava era um policial que estava prendendo os garotos. Ainda trêmulo, deu um sorriso e pensou: “Ainda há esperança...”

O menino que vende bala
Landresa Miranda (604)
Nos dias de verão, as ruas ficam muito movimentadas, e o menino que vende bala continua lá, no mesmo lugar. O garoto era conhecido como Dodó. Ele todos os dias chega sempre na mesma hora. E passa em todas as casas anunciando as suas mercadorias.   

 Todo dia ele é maltratado pelos  motoristas que param no sinal. Um dia, da minha casa, pude ver o menino tentar vender uma bala para uma mulher que parecia ter uma boa condição de vida, pois estava num carro bem caro. Não sei o que aconteceu que a mulher pegou uma bala, acho que sem pagar. E o menino começou a chorar e foi correndo para a calçada em frente a minha casa. Fui rapidamente lá para fora e ele me contou:

- Poxa, tia, uma moça que tava num carro disse que eu não sou ninguém, e depois pegou uma bala e saiu correndo com o carro. 

Que mulher ruim! E por que você vende bala?

- Porque minha mãe tá doente. E ela precisa de remédios. 

Depois disso ele foi tentar vender as balas, mas  não conseguiu.

    Fui bem rápido pegar um dinheiro para comprar os doces, voltei lá fora e ele estava no meu portão. Perguntei quanto custavam as balas. Ele disse que custavam setenta centavos, então eu comprei. 

Ele ficou tão feliz que me deu um abraço.

 O menino e as bolinhas
Raquel Pires (606)

 Olá, meu nome é Antônio, sou morador de rua desde que nasci. Conheci várias pessoas e muitos são meus amigos, dentre eles os melhores são Felipe, Marcos e Lucas. Eles me ajudam a vender as bolinhas "pula-pula" que me pai compra com o dinheiro que ele ganha junto com os pais dos meus amigos, que são catadores de lixo. Na verdade os meus amigos me ajudam a tentar vender as bolinhas, porque ninguém compra. As pessoas olham para a gente com uma cara de nojo e de desprezo. Eu acho que essas pessoas nos veem como uns alienígenas, como se nós fôssemos de outro mundo.
 
  Mas ontem foi um dia diferente, foi um dia daqueles que agente nunca esquece. Eu e meus amigos estávamos tentando vender as nossas bolinhas e, como sempre, ninguém queria comprar. De repente, uma moçapegou a minha caixa que estava cheia de bolinhas e disse:
   - Não é bom roubar as coisas dos outros para vender? Então agora eu roubei de você. HÁ! HÁ! HÁ!
  Foi quando a bola caiu da mão dela, quicou no chão e bateu no seu queixo, tirando a sua dentadura.
  Foi muito engraçado! Todos que estavam lá riram muito e ela ficou cheia de vergonha.

 Quando nós chegamos lá no lixão e contamos para os nossos pais, ninguém acreditou. Mas foi verdade, e foi isso que transformou nosso dia triste e chato em um dia quase triste (por que mesmo assim ninguém comprou nada da gente) e nem um pouco chato.

 O menino que não tinha mãe
Luciana Menezes (604)
  Um dia, um menino de rua trabalhava no meio de uma avenida tentando vender algo como ele sempre fazia.
   
Esse menino era muito diferente das outras pessoas e ele sempre sempre dava o seu melhor para conseguir vender alguma coisa e ele não tinha casa e nem
uma família.Muitas crianças como ele trabalham desse jeito,todos os dias, tentando anhar comida,dinheiro,roupas etc.

   Não se sabe o que ele vendia,mas parecia algumas bolas com as cores verde,amarelo
e vermelho,deviam ser frutas ou coisas do tipo.

   Nesse mesmo dia,o menino de rua tentando vender as frutas,se depara com um táxi parado na avenida, e vai ao encontro dele.Chegando mais perto,ele já ia perguntar como ele sempre faz:

  - OLÁ!Você poderia comprar essas frutas para me...

   Nem terminou, quando viu uma mãe que,carinhosamente,abraçava seu filho.O meino ficou admirado,pois nunca teve uma mãe.

   Então,ele foi embora para não imterromper essa cena linda de amor maternal e ficou tentando entender por que ele nunca teve uma mãe...


 Senhor Felicidade
Yasmin da Silva (605)
   Era uma noite fria de inverno e eu estava vagando pelas ruas, sozinho e rejeitado, sem ninguém para dizer "Volte para casa, Júlio"... Sem ninguém para dizer o quanto estava preocupado comigo e me abraçar... Estava definitivamente abandonado.
                   Enquanto caminhava pelas ruas escuras de São Paulo, avistei uma moça em um carro. Por dois segundos pensei em rouba-lá, mas quando cheguei mais perto a vi segurando um nenê. Era bem miudinho, seus belos olhos verdes pareciam duas esmeraldas naquela escuridão sem fim. Me afastei, mas rapidamente chegaram dois delinquentes, deviam ter sido largados como eu.
                   Eles tiraram a moça dos seu carro e colocaram uma faca em seu pescoço. Naquele momento fiquei paralisado, meu coração batia mais forte e mais forte, dava para ouvir o choro da criança a quilômetros de distância. Eu tinha que fazer alguma coisa, não poderia deixar isto acontecer. Corri em direção à moça e a seu nenê; iam pegar a criança, mas a moça não permitia, então um dos garotos pegou uma arma e puxou o gatilho. Não poderia acontecer isto, então me joguei em frente à moça e a bala perfurou o meu coração.
                  Os delinquentes fugiram, então a moça correu em minha direção, se abaixou e disse:
                  -Por que fez isto? - ela estava tremendo, dava para ouvir sua respiração - Quem é você?
                  Respondi com uma lágima correndo do meu rosto:
                  -Sou o Sr.Felicidade.

O menino com saudades de casa
 Samara (604)

      Em mais um dia de sua vida, um menino sem infância, com a vida de um adulto, começa o dia nas ruas para vender suas frutas. Então, com esperança, inicia seu trabalho. Debaixo da ponte, o menino começa a vida.
      O menino de rua tenta vender para uma moça suas frutas, prestando a atenção no que acontecia de dentro do carro. Sem fazer barulho, antes de vender, observa bem a imagem a sua frente. A tal moça não o trata como se não fosse gente, como as outras pessoas; a única coisa que ela faz é dar carinho e amor para seu filho. Isso é tudo que ele tanto queria e era o que ele não tinha, uma família unida. Mas, mesmo não tendo uma família, só morando na rua, não tratava ninguém com desrespeito.
      Morando na rua, sem família e sem comida, a vida do menino parece não ter solução. Todas as pessoas acreditam que moradores de rua são ladrões. Mas ele era diferente, a única coisa que queria em sua vida era uma mãe para brigar quando fizesse besteira, para dar amor, irmão para brigar e brincar e um pai para dar opiniões, mas tudo que ele tem é a rua. Com aquela moça na sua cabeça, ele ainda tem esperança de ter o que sempre esperou.
  
Meninos da rua Maria Locanda
Júlia Miguel de Paiva (603)

    Um dia, enquanto voltava do trabalho, passei pela rua Maria Locanda, uma das principais ruas de meu bairro, onde existe um sinal de trânsito daqueles que não abrem nunca! É claro que fiquei nervosa, e então resolvi deligar o carro, e comecei a observar os moradores de rua, principalmente as crianças, que ali estavam em maioria. Fiquei com pena deles, alguns estavam vendendo doces, os pequenos estavam brincando e um bebê que parecia ter poucos meses de vida estava no colo de sua mãe, que ainda por cima estava grávida. Fiquei muito tocada em ver aquilo, mas o que me deu esperança foi ver aquelas crianças brincando e sorrindo.
     Na semana seguinte, fui a uma festa à noite, e como a casa onde seria a festa era próxima a minha casa, resolvi ir a pé. No caminho encontrei novamente aquelas crianças que vi na Maria Locanda, mas dessa vez elas estavam catando lixo. Continuei andando, mas com aquele aperto no peito.
     No dia seguinte, fui visitar minha irmã, que não via há muito tempo.Ela tinha acabado de voltar de uma viagem que fez a trabalho. Aproveitei e levei a minha sobrinha, que ela ainda não conhecia. Resolvi pedir uma carona a minha vizinha que estava saindo de casa, entrei no carro e sentei no banco de trás. Passamos pela rua Maria Locanda e um menininho se aproximou do vidro de trás do carro, onde eu estava, e perguntou se eu queria comprar um de seus doces, e eu comprei uma bala. No final do dia, fui à igreja Nossa Senhora e me dirigi ao banco. Ajoelhei e pedi para que Deus iluminasse  o futuro daquele menino que tinha me vendido a bala.
   Enquanto eu rezava um menino se aproximou.Percebi que era o menino por quem eu orava, e então perguntei a ele  o que estava fazendo ali e ele disse que estava ali orando por mim, para que Deus me recompensasse por tê-lo ajudado.  


O menino e o cãozinho
Ewerton Rodrigues (604)

            Havia um menino de rua que ganhava sua vida nos sinais. Sua rotina era sempre a mesma: ir para os sinais vender coisas e vaguear pelas ruas. Sua vida era assim, sempre largado pelas ruas, sem casa, sem família para lhe dar carinho, sem uma cama quentinha para dormir.

            Uma vez, ele estava nas ruas vendendo doces para conseguir dinheiro para comprar comida, mas para ele isso não era uma tarefa fácil. Todos o ignoravam, ninguém comprava nada com ele; quando ele ofereceu os doces a um senhor que estava num carro, o senhor quase o atropelou e ainda fez ignorância com ele e todos os outros carros que estavam ao redor dele tentaram imprensá-lo .

            O menino sempre ficava triste, mas nunca desistia de lutar. Até que outro dia, o menino conseguiu vender um de seus doces, e isso o deixou contente, pois já daria para ele comprar pelo menos alguns pães. Ao anoitecer, o menino encontrou um cãozinho perdido no sinal. Então, ele pegou o cãozinho e cuidou dele e até hoje o cãozinho é o único amigo do menino. A rotina do menino continuou a mesma. Porém, com uma gota de felicidade, que é seu cãozinho fiel.


 
                                                O EXEMPLO DO MENINO
Camila Valente (604)

Um dia, todos estavam voltando dos seus trabalhos quando, na porta de uma loja, estava um menino de rua querendo vender algumas frutas. Com medo do menino e das frutas, que podiam ser envenenadas, as pessoas passaram com pressa ignorando o menino e jogando-o para a rua.
O menino viu que na calçada não iria conseguir vender nada, então resolveu vender entre os carros, com o risco de ser atropelado. Mas ele tinha que vender tudo, pois não comia há semanas. Depois de horas tetando vender as frutas, apareceu um menino que parecia ter 12 anos; ele pegou uma fruta, jogou-a no chão, pisou nela e ainda zoumbou do menino de rua.
Com raiva e com poucas frutas, o menino andou até chegar a uma rua deserta, onde estava outro morador de rua, só que era um adulto. Ele pegou a fruta do garoto, comeu  e riu da cara dele.
Triste, com raiva e derrotado, o menino sentou no banco da praça e ficou olhando a fruta que sobrou, seu estômago estava roncando, então ele resolveu comer a fruta, antes que a roubasse também.
De repente, passou um cachorro mais magro que osso e o menino, com pena, deu-lhe a fruta na qual ele mesmo só tinha dado um mordida.
Esta história é triste, mas há uma esperança de que o menino seja um bom garoto, pois deu seu alimento para um cachorro em vez de comê-lo.
    Uma esperança
Gabrielle Gomes (604)

    Um belo dia, Jorge estava vendendo frutas na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro.
    Ele estava passando pelos carros, com esperança de que alguém comprasse suas frutas. Era só esperar o sinal fechar que o menino ia de carro em carro, de família em família, tentar vender suas mercadorias.
    Assim que chegou o fim da tarde, Jorge resolveu esperar o sinal fechar só mais única vez para ir embora, pois estava muito cansado.
    Quando o sinal fechou, lá foi ele tentar vender seus produtos pela última vez naquele dia. De repente, Jorge se deparou com a cena mais bonita que já tinha visto em toda sua vida. Havia uma moça dentro de um carro,  e em seu colo havia um bebê que aparentava ser seu filho. A mãe do bebê olhava para seu filho com tanto carinho que Jorge ficou encantado.
    Daquele dia em diante,o menino resolveu que nunca mais iria se deixar abater pelo que as pessoas lhe falavam. Ele tinha esperanças de que um dia aquela cena poderia se repetir, mas com ele. Então, no dia seguinte, ele foi feliz da vida para aquele mesmo sinal vender suas mercadorias.
O menino e as batatas
Richrad Rocha (603)

     Meu nome é John Kater e trabalho na Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Eu tenho 28 anos e sou empresário.
     Estou me apresentando mas não sou eu o personagem principal dessa história, pelo contrário, é um menininho de rua que se chama João e gosta muito de batata frita.
     Sempre quando passo pela rua do Mc Donald’s, está ele lá sentado na porta, dividindo um pedaço de pão com seu cachorrinho, cercado de carros, como se todos quisessem o atropelar.
     Num dia comum, eu passava pela rua às 12:00, aproximadamente; ia almoçar no Mc Donald’s quando vi o menino azul de fome. Ele estava sem nenhum alimento e desacompanhado de seu cachorro. Cheguei até ele e perguntei se ele havia comido algo e ele disse que não. Então convidei-o para almoçar e ele aceitou na mesma hora.
     Quando entramos, logo os cochichos subiram no ar! Tinha gente que queria ele fora. Eu não permiti e ele nem se importava com os outros. Também, com a fome que ele estava!
     Assim que pedimos ele começou a se soltar. Falou muito, e o que mais falou é que adorava batata frita. Era batata frita pra lá, batata pra cá. Quando chegou a comida então! Ele devorou-a em segundos.
     Após conversarmos e comermos ele meio que se inquietou, pois lembrou que deveria voltar para a rua, onde mora, mas eu o consolei e disse:
   - Que tal um dia desses almoçamos juntos novamente?


 O menino e a caixa
Ana Carolina da Silva (606) 



Um menino chamado Vitor morava com sua mãe, seu padrasto, sua irmã e seu cachorro. Ele se sentia inexistente diante do mundo, pois era muito pobre.
     Quando sua mãe morreu, seu padrasto o expulsou de casa e ele acabou indo morar na rua. Como era o único que cuidava do cachorro, o mascote o seguiu. O menino insistiu para que o cachorro voltasse para casa, mas o cão não voltou. Vendo que o animal não ia voltar e já estando com fome, tentou arranjar comida ou dinheiro, mas conseguiu apenas uma caixa de bolinhos que um menino lhe entregou. A mãe do menino, achando que Vitor tinha pego a caixa da mão de seu filho, o acusou de roubo e Vitor, com medo, fugiu com  a caixa  e todos ao seu redor começaram a acusá-lo. Vitor e o cachorro, já morrendo de fome, comeram os bolinhos e viram uma mulher vindo em sua direção. Era a mulher que o acusou vindo pedir desculpas, pois seu filho havia lhe explicado que tinha dado os bolinhos para ele.
E a moça, com vergonha por tê-lo acusado, deu dinheiro para que pudesse comprar mais comida e foi embora, deixando-o com os olhos brilhando. 

 
O menino e os amendoins
Gabriella da Silva Barboza (605)

Numa tarde de domingo, um menino chamado Luiz vagava por uma rua, tentando ganhar a vida vendendo amendoins, que são feitos por ele mesmo. Luiz ainda estava com sua mercadoria cheia, pois ninguém comprava.
Já à noite, ele estava com muita fome e não tinha o que comer, a não ser os seus amendoins, porém não podia comê-los. Para tentar ganhar dinheiro, Luiz resolveu ir mais uma vez vender sua mercadoria, desta vez em uma avenida.
Chegando à tal avenida, perigosa, Luiz passava entre os carros, implorando para que comprassem seus amendoins. Passava de carro em carro mas não vendia nada. Bateu no vidro de um táxi onde estava sentada uma senhora que aparentava ter aproximadamente 60 anos e disse:
_ Ei! Senhora, quer um amendoim? É R$ 1,00, tia! Compra, vai?
_ Acelere! Não quero perder minhas joias para um ladrãozinho! - disse a senhora para o motorista.
O menino, muito triste pelo fato de a senhora o ter acusado de ladrão, saiu vagando pela noite vazia. E de repente, avistou um restaurante. Com muita fome, o menino resolveu ir pedir comida, com a esperança de que uma pessoa bondosa o alimentasse:
_ Ei, tio! Me dá um prato de comida? Tô com muita fome!
O dono do restaurante, que também era gerente, ficou muito comovido e resolveu alimentá-lo. O menino devorou tudo muito rapidamente e, satisfeito, disse:
_ Obrigadão mesmo, tio! Matou minha fome! Tchau.
_ Tchau, garoto! - disse o moço, avistando o menino sair super feliz por ter feito uma bela refeição, mas também triste e pensativo pois não sabia o que vinha pela frente.

Meu presente de Natal...
Yuri Corrêa de Carvalho (603)
       
       Contarei hoje uma parte de minha quase triste infância.
       Quando nasci, não pude conhecer minha mãe, pois ela morreu no parto. Fui criado pelo meu pai e minha madrasta, que infelizmente saíam todo dia para um bar com seus amigos e só voltavam pela madrugada. Quando chegavam, faziam muito barulho e eu não conseguia dormir.
       Certo dia, decidi viver a "vida no asfalto". Então, lembrei que o pai do meu amigo era dono de um mercadinho e pedi para ele me fornecer alguns doces para que eu pudesse vendê-los.
       As pessoas na rua, quando me viam, se sentiam um tanto ameaçadas; portanto, ou falavam coisas que me deixavam ofendido ou até mesmo fechavam o vidro do carro para que eu não as roubassem.
       Até que num dia de Natal, uma senhora e seu marido (provavelmente) haviam comprado muitos presentes, e então me viram na calçada e me deram um deles. Me senti muito feliz, pois sabia que havia algumas pessoas que acreditavam em meu caráter.
       Porém, após ganhar o presente, fui logo mostrar para os outros meninos que dividiam o espaço comigo e, quando as pessoas me viram na rua, gritaram:
       - Pega ladrão!!
       E infelizmente cheguei à conclusão que a hostilidade não está em extinção, mas sim na maioria da população.

                                                                 O menino e o doce
                                                                      Vitória Bordini (605)

                    Quando eu tinha sete anos, minha mãe sempre me levava para brincar na praça perto de casa. A caminho de lá, sempre havia uns garotos de rua.
                     Na primeira vez que vi um deles, logo perguntei para minha mãe o porquê daqueles meninos na rua vendendo balas, sem casa nem família.Ela respondeu:
                 - Querida!Ter filhos é uma grande responsabilidade.Então,quando quiser ter um,tem que ter dinheiro suficiente para poder pagar:comida,água,materiais escolares etc.Então a única opção da mãe deve ter sido mandar o filho trabalhar na  rua vendendo balas!
                    Quando minha mãe me explicou,fiquei horrorizada. Pensei:
                    - Nossa,quanta tristeza deve haver na vida daquele garoto!
                    No dia seguinte, fui ao mercado e vi o mesmo garoto batendo no vidro de um táxi, na rua.Pelo que vi, uma senhora, de aproximadamente cinquenta e sete anos, com medo de ser roubada pelo menino, deitou no banco e abraçou a bolsa.
                  O motorista do táxi não gostou da situação e tentou afastar o menino do carro.Não gostei do que aconteceu,então pedi para meu pai comprar um doce daquele menino.
                    Agora eu estou com a esperança de que a vida do garoto de rua melhore.Mas pelo que sei, pode e irá demorar.

O menino e os doce
Yasmin Carraro (603)

Em mais um dia, quando eu voltava do trabalho, lá estava de novo o menino vendendo doces. Ele passou pelo meu carro e eu comprei uns chicletes para ajudá-lo. Acho que eu fui a única que o tratou bem, porque as outras pessoas o expulsavam e faziam cara feia, como se ele fosse um bicho. Talvez estivessem estressados por causa do trânsito, ou fossem preconceituosos mesmo, mas deviam estar felizes por aquele garoto não estar roubando e assaltando.
Uma vez, alguém me contou que aquele menino vivia com a mãe em um barraco não sei onde. Quando a mãe morreu, uns bandidos invadiram a casa e o expulsaram, por isso ele estava naquele sinal todos os dias.
Então, resolvi chamá-lo; pedi que me desse todos os doces e entreguei uma nota de 100 reais. Ele correu, entrou numa lojinha, e saiu com uma caixa de doces na mão.
Quando olhei de novo, ele estava parado dando um pouco do dinheiro para outro menino menor, que provavelmente era ser irmão, ou seja, aquele menino que não tem quase nada divide o dinheiro com outro, enquanto aquela gente toda não o ajudava...


 A família do sinal
Hugo Soares (603)

    Num belo dia de sol, quando estava indo para praia, vi um garotinho muito magrinho, devia ter uns seis ou sete anos. Ele segurava em uma das mãos uma caixinha de papelão com algumas moedinhas, e na outra mão tinha outra caixinha com alguns saquinhos com balas.
    Enquanto vinha andando entre os carros e desviando das motos, alguns motoristas compravam as balas, outros apenas davam algumas moedas e outros não faziam nada, não compravam e não davam moedas. Eu queria muito comprar algumas balas ou só dar moedas, mas quando o menino ia chegando perto do carro do meu pai, o sinal ficou verde e todos tiveram que andar.
    No caminho da praia, eu vi mais meninos nos sinais, mas nenhum deles era tão "frágil" como o primeiro. Os outros que vi pareciam que já estavam há mais tempo nos sinais, mais tempo morando nas ruas, mais tempo na miséria...
    Na volta para casa, passei pelo mesmo local e percebi que, na verdade, toda a família do garotinho estava no sinal e também percebi que aquela não era uma família de rua, mas eles tinham casa e, provavelmente, estavam passando dificuldades. Desta vez, quando o irmão mais velho do menininho passou pelo nosso carro, pedi tanto para o meu pai ajudar, que ele deu uma nota de dez reais para o garoto mais velho.


A noiva piedosa
Catarine (605)

          Vivo na cidade do Rio de Janeiro e sou frequentadora assídua do centro. Sempre que estou indo para casa passo pela igreja da Candelária e vejo aqueles meninos e meninas dormindo e fazendo muitas outras coisas.
           Uma vez, quando passava por ali, havia uma idosa dentro do ônibus que parecia nunca ter entrado em um; do lado de fora havia um tumulto na frente da Candelária envolvendo vários meninos e meninas de rua e pessoas de "classe", que se incomodavam porque não queriam que eles estivessem na frente da igreja durante o casamento que iria acontecer ali.
            Isso estava causando um enorme congestionamento; então, o ônibus parou, o motorista desceu e foi tentar resolver o tumulto para o ônibus passar. Foi então que um daqueles meninos conseguiu sair do tumulto e foi em direção à janela da idosa, que começou a gritar:
            - Socorro, tirem esse delinquente daqui! Socorro, ele quer me matar, socorro!!!!
           Quando o noivo ouviu, ele foi correndo socorrer a idosa, que por acaso era sua mãe. Chamaram a polícia e a guarda municipal para prender o garoto. Quando a noiva chegou, viu o tumulto, e perguntou o que estava acontecendo. O noivo disse com todo o nervosismo que o menino estava tentando assaltar a sua mãe. Ela deu um pulo e começou a gritar com ele:
           - Seu idiota, são apenas crianças que só querem ser aceitas, mas são impedidas por pessoas como você e sua mãe! Me esquece!
           Ela levou o menino para o local da festa para comer algo. Ele adorou e, quando estava indo embora, ele deu um beijo em seu rosto e disse que ela ia ser a melhor mãe do mundo! 

O menino no sinal
Caio Silva (605)

Esta é a história de um menino de rua que vendia doces no sinal. Ele vendia seus doces para os motoristas que estavam nos carros, só que os motoristas não compravam, pois o achavam estranho. Os motoristas pensavam que iam ser roubados. O menino de rua pracisava desse dinheiro para se alimentar e então ele ia vender no sinal.
          - Senhor, você pode comprar esses doces?
          - Não, saia daqui, vocês só pensam em roubar.
          O menino voltou outro dia para vender e novamente ninguém comprou.
     O menino já estava ficando sem esperanças, então ele decidiu ir para outra avanida bem movimentada. Nessa avenida passavam muitos carros e quando o sinal fechava ele ia vender. Ele tentou vender para um motorista :
          - Senhor, você pode comprar esses doces? É para eu me alimentar, eu estou com muita fome.
          - Não vou comprar doce nenhum. Por que você não come esses doces para se alimentar ?
          - Senhor, se eu comer esses doces eu vou vender o que depois ?
          - Dê o seu jeito, se vire.
          O menino era totalmente ignorado, então ele resolveu roubar.
          - Senhora, passa a grana ou me dá algo de valor!
          - Menino, não precisa ser assim, você pode sair disso, eu ajudo você, mas não me roube.
          - Mas senhora, eu vendo doces, só que ninguém compra, todos me ignoram.
          - Eu ajudo você, mas isso que você está fazendo é errado.
          - Me desculpe .
          O menino aprendeu que por mais que todos o ignorem nunca deve se fazer o mal. Sempre alguém irá te apoiar.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Uma versão brasileira da Cinderela


BICHO DE PALHA
(Conto recolhido por Câmara Cascudo no Rio Grande do Norte)
Contam que um homem muito rico enviuvou e casou novamente, tendo uma filha, Maria, que se punha mocinha e que era linda. A madrasta antipatizou logo com a enteada e se tomou de ódio quando teve uma filha e esta era relativamente feia, comparada com Maria.
O homem possuía propriedades espalhadas e vivia viajando, dirigindo seus negócios. Durava pouco tempo em casa e nesses momentos, Maria passava melhor. Na ausência do pai a madrasta obrigava-a aos serviços mais rudes e pesados, alimentando-a do que havia de pior e em quantidades insignificantes.
A vida ficou insuportável para a moça que se consolava rezando e chorando. No caminho do rio onde ia lavar roupa, encontrava sempre uma velhinha de feições serenas e muito boa. Maria acabou contando seus sofrimentos e o silêncio para não magoar o pai. A velhinha animava-a com palavras cheias de doçura. Como a madrasta fosse se tornando mais violenta e brutal, a enteada resolveu abandonar a casa e ir procurar trabalho longe daquele inferno. Encontrou-se com a velhinha e confessando sua idéia, a velha concordou, aconselhou-a muito, deu-lhe a bênção e na despedida, tirou uma varinha pequenina e branca como prata, dizendo:

            – Leva esta varinha, Maria, e quando estiveres em perigo, desejo ou sofrimento, deves dizer: "minha varinha de condão, pelo condão que Deus te deu, dai-me". E tudo sucederá como pedires.
Maria agradeceu muito e fugiu. Antes, obedecendo ao conselho da velha, fez uma grande capa de palha entrançada com um capuz onde havia passagem para olhar, e meteu-se dentro
 Depois de muito andar, chegou a uma cidade importante. Pediu emprego num palácio e lhe disseram não haver mais lugar. Ia saindo, triste e com fome, quando um empregado lembrou que precisavam de alguém para lavar as salas, corredores e escadas e limpar os aposentos da criadagem. Maria aceitou o encargo e, graças ao seu vestido singular, só a chamavam "Bicho de Palha". Suja, silenciosa, retirada pelos cantos, trabalhando sempre, Bicho de Palha não incomodava ninguém e todos a toleravam.
 O palácio era de um príncipe moço, bem feito e airoso, que ainda tinha mãe, e estava na idade de casar. Noutro palácio, no lado oposto da cidade, realizariam festas durante três dias. As moças estavam alvoraçadas com os bailes, assistidos pelos rapazes da sociedade. No palácio a conversa versava sobre os bailes. Amas, visitantes e criadas comentavam a organização e o esplendor das três noites elegantes.
 Finalmente chegou a primeira noite. Bicho de Palha, através dos orifícios de sua máscara, olhava o príncipe e o amava sinceramente. Rondava, discretamente, por perto dele, ansiando por uma ordem. Já de tarde, não havendo outra empregada por ali, o príncipe gritou:
   – Bicho de Palha! Traga uma bacia com água...
Bicho de Palha levou a bacia e o príncipe lavou o rosto. Depois, todos foram para o baile, uns para dançar e outros para ver. Ficando sozinha no seu quarto escuro, Bicho de Palha despiu a capa, pegou a varinha e comandou, como a velhinha lhe ensinara:
 – Minha varinha de condão! Pelo condão que Deus te deu, dai-me uma carruagem de prata e um vestido da cor do campo com todas as suas flores.
Palavras ditas, apareceu a carruagem de prata, cocheiros e servos, um vestido completo, do diadema aos sapatinhos cor do campo com todas as suas flores.
Bicho de Palha vestiu-se, tomou a carruagem e foi para o baile onde causou sensação. O príncipe veio imediatamente saudá-la e só dançou com ela, não permitindo que os outros moços se aproximassem. Confessou que estava impressionado e perguntou onde ela residia. Bicho de Palha ensinou:
– Moro na Rua das Bacias...
 À meia-noite em ponto, pretextando ir respirar o ar livre, a moça correu para sua carruagem que desapareceu na estrada. O príncipe ficou inconsolável e saiu da festa logo a seguir.
   No outro dia, no palácio, as criadas contavam ao Bicho de Palha as peripécias do baile e a princesa misteriosa que fora a roupa mais bela e o rosto mais formoso da noite. O príncipe despachara muitos criados para procurar a Rua das Bacias, mas todos regressaram sem saber informar.
Nessa tarde, o príncipe pediu a Bicho de Palha uma toalha. Quando todos partiram para a festa, Bicho de Palha pegou a varinha e obteve uma carruagem de ouro e um vestido da cor do mar com todos os seus peixes. Vestiu-se e foi para o palácio do baile. Logo na entrada, toda a gente a reconheceu e aclamou-a como a mais elegante, graciosa e simpática. O príncipe não saía de perto dela, conversando, dançando, fazendo mil perguntas. Insistiu pelo endereço da moça.
                – Não moro mais na Rua das Bacias e sim na rua das Toalhas. Mudei-me hoje.
Aconteceu como na primeira noite.
 Bicho de Palha inventou uma desculpa e meteu-se na carruagem que correu relâmpago. O príncipe saiu também e passou o outro dia suspirando e mandando procurar, em toda a cidade, a tal Rua das Toalhas.
Bicho de Palha ouviu as impressões entusiásticas dos empregados na cozinha, todos contando a paixão do príncipe e a beleza da moça.
Na tarde desse dia o príncipe pediu a Bicho de Palha um pente. Vendo-se sozinha no palácio, Bicho de Palha invocou o poder da varinha de condão e recebeu uma carruagem de diamantes e um vestido da cor do céu com todas as suas estrelas.
Entrando no salão do baile, Bicho de Palha recebeu as saudações como se fora uma rainha. Ninguém jamais vira moça tão atraente e um vestido tão raro. O príncipe andava atrás dela como uma sombra, servindo-a e perguntando tudo, doido de amor. Bicho de Palha disse que se havia mudado para a Rua dos Pentes, definitivamente. E dançaram muito.
Perto da meia-noite, sabendo que era a hora em que moça desaparecia como se fosse encantada, o príncipe chamou seus criados e mandou abrir uma escavação junto do portão do palácio, esperando que a carruagem parasse. Tal, porém, não se deu, Bicho de Palha saltou para a carruagem e esta disparou como um raio, pulando o fosso, mas, o solavanco fora tão brusco que um sapato de Bicho de Palha, atirado fora da portinhola, perdeu-se. Um criado achou-o e levou-o ao príncipe, que ficou satisfeitíssimo.
Debalde procuraram na cidade a tal Rua dos Pentes. O príncipe deliberou encontrar a moça por outra maneira. Mandou levar o sapatinho a todas as casas, calçando-o em todos os pés. Quem o usasse perfeito, nem largo, nem apertado, seria a encantadora menina dos bailes.
Os criados andaram rua acima e rua abaixo, calçando sapatinho nos pés das moças e das velhas. Nenhuma conseguia dar um só passo com ele no pé. Voltaram os criados para o palácio e experimentaram calçar os chapins nas empregadas e amas. Nada. Finalmente uma criada encarregada lembrou que Bicho de Palha não fora convidada para calçar o mimoso calçado.
Riram todos, mas, para que o príncipe não os acusasse de ter deixado alguém de calçar o sapatinho, mandaram buscar Bicho de Palha, como motivo de riso, e lhe disseram que experimentasse. Bicho de Palha com a varinha na mão, pediu que lhe aparecesse no corpo, por baixo da capa de palha, o vestido da terceira noite da festa.
O príncipe veio assistir. Bicho de Palha, cercada pela criadagem que ria, meteu o pé no sapatinho e este lhe coube perfeitamente. Depois estirou o outro pé e todos viram que calçava sapatinho igual ao primeiro. Mal podiam crer no que viram, quando caiu a palha e apareceu a moça formosa dos três bailes, com o vestido da cor do céu com todas as estrelas, o diadema com a lua de brilhantes, tudo rebrilhando como as próprias estrelas do firmamento. O príncipe precipitou-se abraçando-a e chamando por sua mãe para que conhecesse a futura nora.
Casaram logo. Bicho de Palha contou sua história, e a varinha de condão, cumprida a vontade da velhinha, que era Nossa Senhora, desapareceu, deixando-os muito felizes na terra.

 RIBEIRO, José. Brasil no folclore. 3ª ed. revista e ampliada. Rio de Janeiro, Editora Aurora, sd, p.83-87.